A ESTRUTURA DO SALMO
Podemos dividi-lo em três partes:
1ª - A travessia;
2ª - A chegada;
3ª - A síntese.
1 – A TRAVESSIA
A primeira parte do poema (a primeira estrofe) fala da caminhada, viagem, travessia que se faz guiado pelo pastor.
Começa com uma afirmação sobre a confiança que o pastor inspira: “nada me falta”. Depois descreve como o pastor conduz: para verdes pastagens, até águas tranquilas, por caminhos certos.
A segunda estrofe ainda fala da travessia, mas lembrando que a vida não é só “verdes pastagens”, mas também veredas tenebrosas. Contudo, como a ovelha confia no pastor, não precisa ter medo, pois o cajado do pastor lhe dá segurança. Esse cajado (bastão, bordão) ajuda o pastor a se escorar en quanto caminha, mas também serve como arma ou com instrumento para ajudar a retirar ovelhas que caiam em buracos ou despenhadeiros.
Note-se que há nesta estrofe uma mudança na fala do poeta. Na primeira estrofe, ele descreve para os outros a atividade do pastor. Na segunda, em que fala do “vale escuro”, dirige-se diretamente ao pastor, como que fazendo um apelo ao próprio pastor para que ele não esqueça a ovelha que está conduzindo, como se fosse a ovelha balindo assustada no meio de um lugar perigoso.
2 – A CHEGADA
Na terceira estrofe, encontramos uma cena diferente: não mais uma estrada, uma viagem, mas um banquete.
Repare que o poeta continua a falar com o pastor (segunda pessoa: tu "preparas"...). Só que o pastor agora se tornou o hospedeiro, pois chegamos na casa, no palácio, na fazenda do pastor, onde a ovelha é acolhida.
Portanto, é o término da travessia. Após atravessar por vários caminhos, mais fáceis ou mais complicados, o pastor conduziu a ovelha, sã e salva, até seu palácio.
Agora, essa ovelha participa de um banquete e os inimigos não poderão mais prejudicá-la e ainda ficarão morrendo de inveja, pois o banquete é bem na frente deles para mostrar a eles sua importância.
E a ovelha não está ali como qualquer um. Ela não é um empregado ou servente. Nem é mesmo um convidado qualquer; é um convidado de honra, pois o pastor unge sua cabeça, conforme as regras de etiqueta para convidados especiais. Além disso, "ungir a cabeça" remete para uma cerimônia muito especial: a unção do messias, a cerimônia de consagração dos reis de Israel. Por isso, agora se trata de uma pessoa consagrada dentro do palácio do pastor.
Fechando com chave de ouro: agora ela poderá comemorar com vinho em abundância, pois se trata de uma festa completa.
3 - A SÍNTESE
A última estrofe, como se vê bem, é uma síntese de todo o poema.
Observe que o poeta volta a falar para os outros, não mais no diálogo direto com o pastor.
Os dois primeiros versos resumem as duas primeiras estrofes: a felicidade e a graça (amor) estarão comigo durante minha vida, pois é o SENHOR que me guia.
Os dois últimos versos resumem a terceira estrofe: vou morar sempre na casa do SENHOR (IAHWEH), porque lá eu sou especial, lá é seguro e lá é que a festa é boa.